sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011

Adoecer


“Adoecer” o livro de Hélia Correia é uma doença donde não se sai facilmente.
Uma escrita obsessiva para ilustrar as teias de compromissos e condescendências (a um tempo marginais e bem comportadas) possíveis das elites românticas victorianas.
As regras de luxo  em que se movem os artistas pré-rafaelitas “a arte pela arte” do fim do século XIX, um infindável jogo de cumplicidades entre mães, filhos, amigos e irmãos. entre famílias  e apesar das famílias...
Millais, Hunt, Polidori, Mary Shelley, Rossetti que parecem respeitar as fronteiras da 'polite education' transgridem as regras sociais e intelectuais  vigentes e absorvem os códigos de classe dominante e colonialista.
Lizzie clandestina da classe trabalhadora, passa serenamente de “Ofélia” a transgressora, num tempo que dura uma longa viagem por Inglaterra e vários passeios fascinantes pelos bairros insanos de Londres.
A luz no fundo do túnel é  o modernismo, a partir de 1907, com o Grupo de Bloomsbury.
Um livro para saborear, sem pressa, numa segunda leitura de inverno.

 Augusta Marques



Imagem retirada de: Jardindeguata.blogspot.com



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Samarcanda

A História é um interminável tratado sobre o exercício do “poder”.
Poderes de natureza diversa, manipuladores, cínicos, destruidores.
Fui muito sensível a esta Samarcanda que Amin Maalouf me oferece como se fossem várias sobrepostas no mesmo espelho.
Homens que matam (com armas ou leis) em nome do território, da religião, da moral e dos bons costumes e “outros” que resistem pelo saber, pelo pensamento e pelos afectos.
Samarcanda, a história da Pérsia do séc. XI ao séc XIX, faz contraponto ao mito da sociedade ocidental dita civilizada onde o poder instituído sempre se ingere e de igual modo reprova ou reprime, à sombra de uma qualquer ordem económica, política ou crença, a dignidade, a liberdade religiosa, cultural e intelectual de outrem.
Amei Omar Khayyam, pelo fascínio da poesia e dos afectos.
Achei motivadora a afirmação dos seus valores da liberdade intelectual e espiritual e esclarecedora a inteligência, cultura e influência das mulheres (Djahane e Chirine) tema transversal às épocas descritas.
Soberba a escrita de Amin Maalouf.

Vale a pena ver o trailer do filme sobre a vida de Omar Khayyam em:



Augusta Marques

Actividade do Grupo de Leitura


O nosso grupo fez 1 ano a 7 de Maio. Até ao momento  reunimos 16 vezes. Partilhámos leituras de 16 livros em discussões muito participadas.  Conversámos com Almeida Faria, enquanto percorríamos as ruas antigas de Montemor,  que lhe serviram de inspiração à sua trilogia lusitana. Alguns elementos do grupo participaram no curso de escrita criativa realizado na biblioteca por Possidónio Cachapa, em Junho e no curso breve de literatura ministrado por Fernando Pinto do Amaral,  em Setembro.
Vamos continuar, com o grupo reforçado e com vontade  ler, ler sempre.
Elvira Barrelas